terça-feira, 21 de julho de 2020

GI Joe - Classified Series - As figuras em 6 polegas


Essa matéria já está bem atrasada, desculpem a demora. Mesmo em época de pandemia fica complicado arregimentar tempo para escrever. Mas vamos lá.

Do final do ano passado para o começo deste ano, vários rumores do retorno da linha de brinquedos GI Joe surgiram e alguns deles se confirmaram e outros não. 

Primeiro pela Toy Fair de Nuremberg, na Alemanha,onde já se sabia do retorno do GI Joe como figuras em 6 polegadas (6"), a famosa escala Legends, por ser usada nos Marvel Legends e, agora, também na linha Star Wars Black Series.

Vamos lembrar que o GI Joe surge em 1964 na escala 1/6, a escala 12", como o America's Moveble Fighting Man, inspirado no modelo militar, nos soldados e forças armadas dos EUA e, depois, como uma equipe de aventureiros, que assim permanece até perto do final dos anos 70, quando por vários problemas na economia mundial e sociais a Hasbro cancela a linha, pouco depois de licenciar o produto para grande parte do mundo, incluindo o Brasil, o que possibilitou recebermos aqui o Falcon, o GI Joe Muscle Body, em 1977.

Os lançamentos em 1964, o Action Soldier, o Action Salor, o Action Marine e o Action Pilot.
O Falcon chega ao Brasil em 1977, com o Combate e o Ação Camuflada.
Posteriormente, em 1982, a marca passa por um rebrand e muda de escala, para os 3 3/4", próximo do que chamamos de 1/18, como o The Real American Hero, hoje o nosso amado formato vintage, que permaneceu no mercado até 1994 e com lançamentos esporádicos posteriores. No Brasil, foram licenciados, também pela Estrela, e chegaram a nós em 1984 como os Comandos em Ação, os Colecionadores de Aventuras.

GI Joe 1982 - The Real American Hero

Comandos em Ação - Estrela - 1982 chegam os Colecionadores de Aventuras

As cartelas que mexem com a memória dos colecionadores.
Anda nos anos 90 tivemos algumas incursões em outras escalas, como os GI Joe Sgt Savage and His Screaming Eagles (94-95), uma linha inspirada na Segunda Guerra Mundial que, inclusive, teve figuras em 12", mas a coleção principal se apresentou numa escala de 4,5", com articulações respeitáveis e uma nova forma de junção do corpo e o bizarro GI Joe Extreme (95-97), figuras com poucos pontos de articulação e um jeito futurista bem anos 90 com 5" de altura. Ambos foram apoiados em séries de animação e quadrinhos na tentativa de popularizar as linhas, mas não obtiveram o sucesso desejado. Ambas as temáticas foram tentativas de readequar o brinquedo ao novo staus quo mundial pós Guerra Fria.

As figuras de 4,5" Sgt Savage e 1994-95.
A animação de Sgt Savage and The Screaming Eagles.

GI Joe Extreme - 1995-97. As figuras com 5 pontos de articulação da subdivisão que virou a Kenner.
A série completa com os novos vilões da SKAR.
Paralelamente, vários lançamentos tidos como "para colecionador" aconteceram com os modelos vintage de o-ring, até 2001, o GI Joe The Real American Hero! Collection.
Foram vários os repaints de figuras e veículos na linha Collection.
No começo dos anos 2000, o GI Joe retorna, em  novo formato, sem o tradicional sistema de o-ring e t-hook, usando o sistema de pernas unidas ao tronco por eixo. Foi a série GI Joe vs Cobra. Foi uma série complicada de transição pois acabou tedo uma mescla com as novas figuras e repaints das figuras com o-ring e, posteriormente, novas figuras com sistema de o-ring numa mistura de estilos, um amalgama dos dois jeitos de construir GI Joes. Ainda era um processo de evolução em andamento.



 
As pessoas, principalmente nos EUA, não gostam dessa associação, mas um dos fatos que tirou o GI Joe do mercado no meio dos anos 90 foram as mudanças políticas do mundo, o fim da União Soviética, além da plena ascensão dos videogames como modo de entretenimento, assim como seu retorno se deve em parte do 11 de Setembro, quando os heróis militares voltam a ser necessários e atrativos ao público estadunidense. Essa parte é sensível nos EUA pois parece que uma empresa está querendo lucrar com o momento.

É preciso entender esse contexto pois, quando fui procurar um orientador para fazer o mestrado sobre o GI Joe na área de marketing, fui informado pelo professor do seguinte: por impacto que tenha o brinquedo no comportamento do mercado, ele não modifica o mercado em si e precisa passar por modificações para se manter no mercado por conta das evoluções sociais; então o viés que eu desejava aplicar se encaixava melhor em sociologia, sobre como a sociedade obrigou o produto a se modificar para permanecer no mercado e não o inverso. O estudo do mercado nos obriga a observar as mudanças da sociedade e do consumidor pelos diversos fatores envolvidos na compra. Mas isso é assunto para um texto por si só. 

Várias modificações vieram com a volta do o-ring, Valors vs Venon, SPY Troops, Ninja Battles (baseados em animações distribuídas em DVD nos boxes dos brinquedos) e, depois, vem a coleção 25 anos, modificando definitivamente o a escultura e a forma das figuras, que vem a ser chamado de formato modern, e as subsequentes séries de figuras do primeiro filme, Rise of Cobra, o Pursuit of Cobra, séries 30th, Resolute, Renegades, 50th.

A animação Valor vs Venon

As figuras em blisters duplos.

A animação Spy Troops

Figura Spy Troops em blister single

A animação Ninja Battles

As figuras do Box Ninja Battles

As figuras de 25th Anniversary que surgem em 2007, renovando o formato das figuras mas mantendo visual oitentista.
Tivemos nesse tempo uma escala de 8", o GI Joe Sigma 6, que teve como apoio de mídia um animê e uma linha secundária de 2,5". A linha teve algumas inovações no visual e no formato, mas não durou muito também, apesar de deixar veículos memoráveis que puderam ser reaproveitados de alguma forma na franquia principal depois. As figuras foram lançadas em 2005 e saíram do mercado em 2007 com a chegada dos 25 anos.

A animação GI Joe - Sigma 6

As figuras vinham numa embalagem tipo box e com muitos acessórios.
A composição das figuras era em bem em animê, com membros desproporcionais, embora não fossem necessariamente feias.

O GI Joe Sigma 6 de 2,5" possibilitou uam variação grande de aventuras, embora as figuras tivessem poucas articulações.
E paralelo a isso tivemos mais de uma década de figuras exclusivas do GI Joe Collector's Club International, uma empresa do Texas, uma editora, que fez uma parceria de licenciamento com a Hasbro e lançou algumas figuras memoráveis em boxes para convenção, exclusivos, veículos, em ambas as escalas mais bem sucedidas, o 1/6 e o 1/18. A proposta do Club era atender os colecionadores diretamente e fornecer aos sócios exclusividade, nunca foi, realmente, para suprir o grande mercado. 


Até 2016 tínhamos figuras Hasbro nas lojas, com a série de 50th. Depois, somente as figuras exclusivas do GIJCC, quem encerrou suas atividades em dezembro de 2018. Foi um ano complicado para comprar tudo, pois o Club investiu num grande número de figuras para fechar com chave de ouro, e o custo de Club sempre foi alto devido à produção em escala menor (na época, uma figura simples em gôndola no EUA tinha custo de 7 dólares, e um exclusivo do Club, não menos que 36; as últimas vieram na média de 42 dólares. Hoje custam centenas de dólares no E-Bay). 

Assim,  ficamos praticamente ano e meio sem receber novidades (pq as novidades do Club já eram conhecidas por essa época de 2018 por conta da Joe Con EUA), até começar a receber uma dica aqui, outra ali, um spoiler de fornecedor, uma dica da Hasbro, a troca do diretoria de marca, o Brand Lead, e tudo mais, até que este ano recebermos de surpresa, a primeira foto de um GI Joe de 6", o Snake Eyes Classified Series Convention Set. 








A figura impressionou a todos pela quantidade de detalhes possibilitada pela escala e pelo set de armas, muito bem projetado para já iniciar o diorama de um dojô para nosso ninja silencioso. Mesmo entre os entusiastas da escala 1/18, a impressão foi de um detalhamento e cuidado grande com a figura, mesmo entre aqueles que não vão se render à essa escala. 

A mudança de escala não agradou aos puristas e muitos não devem ingressar nessa coleção. No entanto as vendas se mostraram expressivas, seja pelo colecionadores, seja pelos investidores. O mercado de colecionáveis e brinquedos nos EUA é fortíssimo e muitos negociantes compram em quantidade para revender com lucro em momento futuro. É um mercado rentável e relativamente seguro para o investidor hoje. A venda foi exclusiva pelo Hasbro Pusle, o canal de vendas diretas da Hasbro para EUA e Canadá.

Na sequencia a Hasbro iniciou a pré-venda das demais figuras da wave 1 pelo Walmart: Duke, Scarlett, Roadbock e Destro, em box de seis figuras, que viriam uma de cada e dois novos Snake Eyes de edição comum, mas iguais ao Convention, sem o set de dojô. A revelação das embalagens trouxe uma novidade na arte, onde cada personagem é apresentado com a arte de um artista diferente, em vez de uma linha de arte padrão como sempre foi feito desde os tempos do Ron Rudat, o artista original da linha nos anos 80.




















Essa primeira wave trouxe mais detalhes sobre a qualidade que a figuras vão apresentar em definitivo e também o tom da mesma, futurista, pelo que se observa das armas e acessórios que os acompanham. Muitas críticas foram feitas à arma do Roadblock que é muito pouco convencional e me lembra o que seria um canhão de trilho magnético. Essa pegada de futurismo não agrada a todos mas não desmerece as figuras, sendo que seus acessórios podem ser substituidos por modelos mais próximos da realidade facilmente encontrados no mercado de acessórios, agora ampliado, pela crescente onda do 1/12, a escala Legends. A Marauder Inc (www.marauderinc.com) é uma das boas opções.

Mas a arte do poster promocional trouxe uma bela discussão pela quantidade de dicas, spoilers, sugestões e acaloradas possibilidades. Quais seriam os próximos? Teremos veículos?

Se passar a lupa na imagem terá muitas questões, colega...

A segunda wave não demorou tanto para ser anunciada e já vimos as previsões do poster com chegada do Cobra Commander, Gung-Ho, Cobra Red Ninja, o retorno do infame Destro Pimp Dad, o Destro com roupa de leopardo e máscara dourada e um Storm Shadow Artic Mission, muito interessante lembrando o Storm Shadow V3, lá de 1992, quando ele deixa a Organização Cobra e já está com o GI Joe. A gama de acessórios é muito bem recebida e a qualidade parece ótima pelas fotos e reviews que podemos acompanhar pela lives do Hasbro Pulse no Facebook. 





























O marketing da Hasbro decidiu usar as mídias durante essa época da pandemia e as lives semanais apresentando lançamentos e trazendo informação e novidades tem sido tanto um balsamo quanto uma tortura, já que ver que a linha está viva é ótimo, mas pensar em como adquirir os produtos é mais complicado. O Destro Pimp Dad e o Storm Shadow Artic Mission estão em pré-venda pelo Amamzon Brasil a um custo aceitável de R$ 151,54 cada, para entrega em Novembro. Durante a Abrin desde ano conversei com o pessoal da Hasbro e soube que a linha viria para o Brasil, mas não sabíamos o que viria. Agora começamos a ver. Não temos a informação se as figuras chegarão às lojas e quais chegaram, mas é quase certo que uma lote delas virá para  o varejo, sim. 

Você pode fazer seu pre-order dos dois diponíveis no Brasil aqui.

E ainda tivemos o anúncio de um super box do Supreme Snake Cobra Commander, ou na linha Convention Set que ficou espetacular pelo conceito. Esse foi anunciado na mesma live do Pulse que falou do GI Joe Retro Line e surpreendeu a todos, mesmo.















Quando já estávamos pensando como fazer para o ano que vem, ontem, dia 20, a Target nos EUA soltou de surpresa um anúncio de pré-venda da uma linha Classified Series - Cobra Island pra hoje, dia 21, às 9h (EUA). As figuras anunciadas foram o Beach Head, Cobra Trooper, um Roadblock barbado e repaint que muito poderia ser o Heavy Duty, para dar uma variada, e a resposta à pergunta sobre veículos: uma Baroness num box com uma moto muito legal. 

 
 



Até o momento, sabemos apenas que são exclusivas da rede Target nos EUA e os preço acompanham os do Walmart, $19,99 pelas simples e $39,99 pela Baroness com a moto. Mesmo sendo exclusivos, no futuro podem ser vendidos pelo pulse sem o logo Cobra Island e até mesmo com variações de cor, algo que a Hasbro faz desde sempre. Então não temos notícias da disponibilidade desses mais novos lançamentos no Brasil. Questionei a Hasbro e aguardo respostas. No entanto, essa linha Target foi esgotada em 8 segundos de vendas. Foi denunciado o uso de bots para compras, já que era permitido somente 2 itens por compra. Provavelmente nada será feito quanto à isso e prova que o mercado está agitado com tais lançamento pois alguns já foram postos à venda no E-Bay com preços que variam dos $69,90 aos $150 e a Baroness já alcança $200 ou mais. 

Muito se perguntam a razão da mudança de escala. Eu, em minha opinião, ponho a culpa na Marvel.

Os brinquedos da Marvel sempre tiveram vários licenciados e, por isso, diversas escalas. Quando a Hasbro assumiu a principal linha, lançou em 1/18 e depois lançou o Legends. Parece que o Legends agradou mais aos fãs (não todos, claro, conheço gente que odeia a escala). Tanto que se estendeu para a Black Series de Star Wars. Evidentemente que, por questões de logística, fornecedores, escala de produção, produção e aproveitamento de moldes, padronização de embalagens e tudo mais que envolve custos de produção e, quero acreditar, a possibilidade de qualidade e diversidade de acessórios e detalhes que chamem a atenção do cliente, a migração de escala era inevitável. 

Me chamaram a atenção para um fato a ser considerado: a escala Legends não é uma invenção da Hasbro, mas da Toy Biz para a Marvel. Quando a Hasbro assumiu o licenciamento, depois de pressão dos colecionadores acabou por adotar a escala pois já haviam mais de 250 figuras na escala e muitos hard collector's não iriam prosseguir uma coleção em escala menor. Então a Hasbro cedeu aos apelos do público e adotou a escala que, se difundiu. Nesse meio tempo ela também teve a escala 1/18 mas no fim acabou optando pelo mercado que seria certamente mais lucrativo. Claro que os fãs de 1/18 se sentiram traídos com o fim da escala. Mas é o mundo dos negócios. Infelizmente, faz parte. 

E depois da live do Pulse de ontem sobre Marvel Legends da Hasbro eu tenho dó do bolso de quem coleciona isso. Vai sair muita coisa. Coisas demais. Haja bolso e haja espaço. 

Lembrem que nos EUA é um negócio que oscila num mercado pulverizado de action figures de cerca de 17 bilhões de dólares ano e continua em crescimento, mesmo com as adversidades da economia. E a Hasbro ganha mais com suas propriedades intelectuais. Ganha muito dinheiro com os licenciados, claro, mas a margem é maior nas marcas que pertencem a ela. Por isso é natural que invista no que tem. Então aguardem, pois a Hasbro é dona direta de muita coisa e há rumores da volta do M.A.S.K.

Dessa forma, vemos que a linha GI Joe, por ser considerada como a linha de brinquedos mais colecionável de todos os tempos, segue viva e forte depois de seu hiato e ainda deve agitar muitas discussões sobre o colecionismo e seu mercado, o espaço para guardar tudo isso e a paixão dos fãs pela marca. 

Veremos o que mais o futuro reserva. 

Ainda essa semana teremos o texto sobre a esperada (e, de certa forma, decepcionante, linha Retro). 

P.S.: À tempo: saiu a primeira arte do jogo para consoles do GI Joe, o que pode explicar o tema futurista para as figuras. Se o jogo será bom ou não, não sabemos, mas sempre foi um ponto fraco da franquia não tem jogos de ótimo nível para suportar o brinquedo e fazer uma nova leva de fãs. Veremos o que será o Operation Blackout. 

Dá pra tirar daí umas boas ideias do que vem pela frente... olha esse Storm Shadow.







Um comentário:

  1. Além dos motivos citados no texto pra possíveis justificativas da mudança de escala pra 6", arrisco acrescentar q a Hasbro pode ter tb vislumbrado a possibilidade de conquistar os fãs de Legends para os GIJoes, o q aconteceu justamente comigo, q nunca colecione GIJoes por serem incompatíveis com os Legends, mas q agora já iniciei essa coleção e estou bastante entusiasmado. Excelente matéria.

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