terça-feira, 21 de julho de 2020

GI Joe - Retro Line - Retrô? Será?

A Wave 1 da Retro Line do GI Joe

Em fevereiro, na Toy Fair de Nuremberg na Alemanha, surgiu a notícia de uma linha GI Joe de 3 3/4" ou 1/18. Muitas foram as especulações, principalmente por ter saído a notícia de que a Jasware, a empresa que fabrica as action figures do jogo Fortnite, acabara de assinar um contrato de licenciamento do GI Joe com a Hasbro. Seriam já essas figuras resultado dessa parceria? Seriam já os protótipos? Era muito cedo. Mas como foi evento fechado, pessoal proibido de entrar com celular e fotografar e houve embargo de informação, tudo que chegava era que alguns amaram e outros odiaram. Mas era uma coisa boa saber que haveriam novos GI Joes de 1/18. 

Verdade sejam dita, estranhei, pois não havia realmente uma razão para a Hasbro licenciar fabricação de figuras, fora casos de colecionáveis de maior qualidade e diferenciados como os da linha 1/6 da Sideshow Collectibles ou da linha Hot Toys para o filme GI Joe - Retaliation, que estão muito longe de serem brinquedos propriamente ditos. E o negócio da Hasbro é brinquedos, mercado infantil, mesmo que muitos de seus clientes sejam os pais da crianças. Mas decisões internas da empresa concernem a como ela quer tocar o negócio e como querem lidar com seus custos. 

Linha GI Joe da Sideshow Collectibles, actions e estátuas.

LInha GI Joe Hot Toys, baseada no filme GI Joe - Retaliation
Ao mesmo tempo, ia de encontro as ações da empresa de controlar todas as suas propriedades intelectuais e lucrar com elas, a começar com o fim da parceria do Fã Clube dos Transformers, a marca própria mais lucrativa da empresa, e depois o mesmo, com um ano de diferença, com o GI Joe Collector's Club. Depois a criação da HasCon, a Hasbro Convention, os planos com a Paramount para criar um universo cinematográfico com suas propriedades, seguindo os passos da Marvel, universo amalgamado nos quadrinhos e assim por diante.

Não fazia sentido a Hasbro, hoje, licenciar a sua atividade fim.

Mais ainda depois de ter fechado o contrato de licenciamento para maior parte das marcas de propriedade da Saban, como os Power Ranges e tantos outros. O negócio da Hasbro é fazer brinquedos, não contratar outros para fazer. Tanto que o contrato anterior da Hasbro com a Jazware é para acessórios para a linha Nerf, como coletes, alvos, coletores de dardos de espuma e outros itens que considerados uma linha paralela ao Nerf.

Na Toy Fair de New York, o mesmo embargo e assim, por diante. Mesmo na Abrin, a nossa feira, não tivemos a presença física dos GI Joes. Estive lá e falei com o pessoal da Hasbro e recebi a informação que duas linhas viriam para o Brasil em setembro, a linha normal de 6" e a linha do filme. E que só não poderia ver as figuras pois a pandemia impediu a equipe estadunidense da Hasbro de vir. As figuras ficariam numa parte fechada do stand e seriam liberadas para visita somente para convidados e pessoal de interesse e viria, inclusive, uma equipe de segurança junto para coletar celulares e preservar o segredo das linhas. Viriam mesmo uns dois GI Joes de verdade contratados pela Hasbro EUA para cuidar disso. 

Foi quando pensei que a linha de 6", que está estava sendo revelada, viria normal e que, a tal linha de 1/18, seria a linha do filme do Snake Eyes que deveria estrear em setembro (e agora depende da reabertura da pandemia). Logicamente, isso era ótimo para nós, depois de um hiato de tempo grande desde o último lançamento da Hasbro em 2016 e o fim do Club em 2018. 

Veio a pandemia, as incertezas e mais e mais boatos sobre o que seria a linha de 1/18. 

Informações perdidas de containers do Walmart, conteúdos, nomes de código nos registros de estoque do Walmart, preços sugeridos. Foi um belo teatro de marketing criar essa expectativa. Para alguns itens, funciona, como esse caso de quatro anos sem uma figura direta da Hasbro. Muito se especulou e os colecionadores ficaram sabendo que o nome da linha seria Retro Line, Linha Retrô. Isso levou direto a memória afetiva aos vintage dos anos 80. 

Mesmo não tendo fotos.

Eu não apostei nos vintage. Não tinha certeza sobre os modern. Poderiam até ser figuras tipo Kenners, com cinco pontos de articulação. Sem fotos e mais informações, me recusei a ter uma opinião formada, ainda mais sabendo que a Hasbro pode resolver criar coisas do nada que, podem ou não agradar os colecionadores. Os anos 90 que nos digam.  

E a comunidade de colecionadores esperava por isso:




Inclusive, porque o mercado de vintage tem se valorizado bastante e, até mesmo os bizarros itens coloridos da indiana Funskool estão bem caros, mesmo fabricados com um plástico dos mais inferiores e as artes estranhas de várias cartelas. Assim, muita gente acreditava que vindo novas figuras vintage o preço das antigas cairia e traria uma calma ao mercado desses colecionáveis. Os preços para algumas figuras realmente estão altos e mesmo figuras danificadas, sem polegar ou co o crotch quebrado tem tido um pedido de valor, por vezes irreal, ilusório. Lá fora as coisas se acertam pela exigência do cliente, mas aqui no Brasil, um mercado ainda novo vemos essas distorções e falta de senso de uma figura sem polegar sem ofertada por R$ 120,00 com quase nenhum acessório por ser "variante de cor Estrela". Ainda não aprenderam aqui que o fato de ser colecionável não torna o item raríssimo ou valiosíssimo. Mas com o tempo o mercado deve acabar por se regular quando os compradores aprenderem o valor real dos itens que buscam e desenvolverem paciência para focar no item que querem, em bom estado e tempo certo. Oferta e procura são reais, mas quando o cliente se propõe a pagar o valor irreal ele alimenta a ideia de mercado irreal. Mas isso é tema para um outro texto somente sobre mercado e o debate é, de certa forma, inesgotável.

Figura Funskool produzida na Índia
A tempo: Funskool realmente se valorizou nos últimos anos por ainda ser entrado lacrado em abundância, mas os realmente caros são os de cartelas e filecards em russo, produzidos pela empresa para o mercado do Tio Putin. Russos ainda estão aprendendo a colecionar, então pouca coisa disso sobreviveu às crianças russas. 

Funskoll para o mercado russo. Quando se acha um é divertido pensar em GI Joes vendidos na Rússia.

Na última sexta, dia 17, tivemos uma live do Pulse da Hasbro e o mistério acabou, abrindo a pré-venda das figuras no Walmart para entrega à partir de 1º de outubro. 

Fomos brindados com a informação das primeiras três figuras da wave 1 e dois veículos. Snake Eyes, o Commando, Storm Shadow, o Ninja e a Baroness, nossa femme fatale da inteligência da Organização Cobra.  Os nomes das figuras da wave 1 e 2 já estavam disponíveis de manhã, mas nada de fotos até a live do Pulse ir ao ar. Mas a decepção chegou rápido quando já avisaram via HISStank que seriam figuras 25-30 anos em embalagem retrô. 

E a comunidade de colecionadores recebeu isso:







Bom, não foram nem figuras 25th, foram figuras tipo POC, Pursuit of Cobra, e 50th. Nas verdade, tirando melhoria na pintura (aparentemente) nas cabeças e uma ou outra modificação nessas cabeças, o Storm Shadow e o Snake Eyes são os mesmos da embalagem dupla dos 50th.  
GI Joe 50th - Snake Eyes vc Storm Shadow

Isso é ruim? Eu acho que não. O modelo vintage não funciona mais, nas atende as mais diversas legislações, tem vários moldes com décadas de uso precisando, talvez, de manutenção.,Existem os materiais, replanejar o processo produtivo para fazer algo que não se fabrica há anos. Desafios logísticos e técnicos que, podem parecer pequenos para quem é de fora mas, no fim das contas, impacta a produção em custos, talvez mais que a questão legal. Mas do lado da questão legal, os vintage não são mais considerados seguros para o mercado de varejo atual. Afinal, basta o pequeno endemonhado puxar as pernas do boneco para estourar o o-ring e expor um gancho de metal que ele pode por na boca e puxar seus beiços. Um acidente lastimável que ninguém que fabrica brinquedos. Então os vintage não voltam ao mercado de varejo. Esse mercado deve ficar, mesmo, com os produtores de bootlegs, as figuras alternativas, hoje representados pelo Black Major Customs e o Red Laser Army Factory, que burlam as legislações de segurança através de vendas diretas no E-Bay para colecionadores adultos, não chamando a atenção do mainstream. Os vintage viraram o nicho do nicho no mercado de GI Joe, atendendo aos saudosistas mais ardorosos. Sim eu tenho alguns deles aqui e acho o máximo. E, num futuro, o Brajoes deve firmar uma parceria com um deles. 

Black Major Customs

Red Laser Army Customs
Foram as melhores figuras? Essa versão do Snake Eyes eu acho uma das melhores, não reclamo dela. Mas como uma versão tão boa no Storm Shadow lançada na coleção Retaliation, o Ultimate Storm Shadow, porque ignora-la? Era a mais fiel ao original. Mas optaram por usar o que foi lançado em 2011, da série Renegades, mas com aquela enorme e linda leva de armamento ninja.
Snake Eyes - Pursuit Of Cobra

Storm Shadow 2011 - Renegades-30th

Storm Shadow Hall of Heroes

Storm Shadow Retaliation - The Ultimate Storm Shadow

Fica a alegria de que as embalagens remontam diretamente às emabalagens oitentistas, com as artes de Ron Rudat em seus detalhes, mas com aquele fundo colorido atrás das figuras maior, para cobrir um blister com todos os acessórios modern que compuseram versões anteriores das figuras, quase como o que fizeram com a linha GI Joe Hall of Heroes. 





A Baroness é a mesma da linha POC de 2012, mas com um repaint e uma melhora na máscara de pintura do rosto, a mesma dos 50th.

Lady J vs Baroness - 50Th. Olha que essa Lady J volta retrô...

Claro que muitos apontaram a pouca novidade, comparando com iniciativas de mercado de fornecedores como Marauder Inc e Joy Toys. No entanto, estes dois fornecedores não oferecem real ameaça à Hasbro pela escala de suas operações. Atendem o nicho dos customizadores e de figuras mais militarizadas e especializadas. E fazem isso muito bem. Mas o tamanho da Hasbro e o acesso ao varejo a tornam uma potência dificilmente batível a eles. Ou mesmo a se preocupar em mudar seu modelo de negócio. Então a Hasbro faz esse agrado que ela pode: recheia seus itens relançamentos e repintados com acessórios suficientes para montar dioramas e cenários, aposta na popularidade da marca.

O mercado de action figures em 1/18 nos EUA é muito ramificado. Além de Marauder e Joy Toys existem concorrentes chineses como a Chap May (blerg... mas os veículos contam"), World Peacekeepers e outros tantos e nem todos eles tem o mesmo acesso ao varejo que Hasbro e Mattel, ainda mais nesse momento em que o mercado se rearranja com Walmart, Target e outros varejistas ocupando o vácuo deixado pela Toys R Us quando esta faliu. Não se iludam: mercado de brinquedos é uma guerra, um negócio difícil, tanto pela concorrência quanto pela clientela difícil.  


A outra boa novidade foram dois veículos, também em embalagem vintage: o HISS Tank e o AWE Stryker. 












Esses ficaram ótimos e tem corpos que foram recuperados das encomendas do GIJOCC. A cabeça do Crank Case parece ser a mesma usada no Top Side do Club, resolvendo uma questão antiga, uma curiosidade: algumas das encomendas do Club incluiam cabeças novas projetadas pelo Boss Fight Studios, mas nunca ficou claro se os moldes resultantes disso eram do Club ou da Hasbro. Agora sabemos que são da Hasbro. 

Esses dois veículos serão disponibilizados no Brasil para Amazon em 1º de outubro, em pré-venda, para entrega no decorrer de novembro. O restante da coleção vir para o Brasil ainda é uma interrogação sobre quando, quais, quantos e onde. Mas devem vir.

E como muita gente tem perguntado, sim o veículos virão para serem montados, já que a embalagem usada é vintage e nos os comporta montados. A alegria de montar seus veívulos e ler blueprints, manuais de instrução, colar os adesivos tortos volta também.

A wave dois já foi descoberta e terá Roadblock, Destro e Scarlett. Não temos fotos ainda e nem notícias de mais veículos. assim que soubermos, revelamos por aqui.

E na manhã do dia 21, a Wave 3 revelou Duke, Cobra Comander e um codinome "Puma", que em breve devemos descobrir quem é. O mesmo se diz sobre a wave dois sobre fotos e veículos da wave 3.

Mas é esperado que as waves futuras também tragam figuras mais novas e não 25th de 2007. as figuras posteriores a 2010 tem tem sculpt melhor, são melhor desenhadas e suas articulações funcionam melhor, inclusive mãos e tudo mais, como o fato de serem um pouco mais "realistas", enquanto a proposta da coleção de 25 anos era uma releitura dos clássicos e não se comprometia com a praticidade, o que muda com a série Pursuit Of Cobra em diante.

A pré-venda no Walmart esgotou em menos de 10 minutos. O volume de reclamações não foi suficiente para atrapalhar as vendas, mesmo que saibamos que muitas delas foram feitas a investidores que devem despejar as figuras no mercado no decorrer dos anos com os devidos preços inflacionados pela procura. Alguns os chamam de scalpers. Eu os chamo apenas de investidores. Justo ou injusto, nos EUA o mercado de colecionáveis é maduro e previsivel, às vezes, e o brasileiro ainda está aprendendo a lidar com isso. Vamos demorar a ser um mercado maduro para essa área. Ou não. Mas isso depende de outros fatores culturais ainda não presentes aqui.

Assim, a linha segue. Viva. Renovada? Talvez.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns pela explanação. Sou um oitentista fervoroso e adoro os vintages. Mas sua explicação me convenceu que será impossível vê-los novamente nas prateleiras das lojas!. Forte abraço e Yoooo Joe.

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    1. Por isso sempre teremos o Black Major e o Red Laser Army e outros que surjam.

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  3. Parabéns pela explanação!
    Gostei muito dos relançamentos. Contudo, gostei muito mais dos veículos, até agora.
    Ansioso para ver as próximas novidades.
    ������

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  4. Eu tb quero ver os próximos veículos... sendo waves pequenas, devem sempre ser dois e um de cada time.

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