domingo, 24 de outubro de 2021

E o o-ring voltou?


 Sim, meus amigos.. parece que o o-ring voltou. Voltou para ficar?

A Hasbro anunciou nesta Pulse Con o lançamento de um 2-pack GI Joe com o Storm Shadow e o Snake Eyes, os arqui-inimigos da franquia. Algo comemorativo, numa caixa bonita, e com as duas cartelas dentro.  



 


As figuras vem praticamente como foram lançadas suas versões V1, no caso do Storm Shadow de 1985, e do V1.5 do Snake, mas acrescido de uma espada e outro modelo de Uzi. 


 

 

 

 


Foi uma grata surpresa esse lançamento, juntamente com o Skystriker do Haslab. Afinal, quando se anunciou o lançamento da Retro Line, era isso o que se esperava e não os modernos remasterizados. Mas era conhecido que o o-ring não seria o modelo do Retro Line, mas ficou a dúvida até o lançamento. 

Primeiro, porque não tínhamos mais o-ring?

A principal razão era conhecida: as normas de segurança internacionais desde de 2006 tonam o modelo de o-ring com o t-hook "inseguro" para crianças, já que basta o ranhento puxar o o-ring e este, se rompendo, teremos um gancho metálico exposto. Tanto que até mesmo Lanard e Bandai abandonaram o sistema por outros, desenvolvendo novos e reutilizando antigos. É proíbitivo? Não. Apenas um método "ultrapassado" de se fazer a articulação e considerado inseguro. E as empresas não gostam de riscos que possam gerar processos por parte de mães infelizes, principalmente nos EUA. Mães. Pais acham que a criança tem que aprender do que jeito que a vida mandar. E os novos modelos de articulação, melhores e diversificados pareciam mais atraentes, usando materiais mais maleáveis do que o plástico rígido necessário para o modelos de o-ring. 

No vídeo de apresentação demonstram que os o-rings agora são de silicone, mais flexíveis e resistentes, e não mais de borracha, além de que as partes que antes que quebravam, polegares e  cintura, agora são flexíveis, ou seja, de elastômero termoplástico e não mais de plástico rígido. Talvez isso tenha sido suficiente para se adequar à norma de segurança.

Lembrem que a adequação de normas é observada com rigor pelos laboratórios internos das empresas para garantir a segurança de crianças e adultos quanto aos seus produtos e, mesmo que um órgão não chegue dizendo que é perigoso, se a empresa entender que sim, vai barrar para evitar processos. Isso é mais observado desde os anos 90. Os anos 80 ainda era a selva. Tanto é assim que, no Brasil, no caso específico do Falcon, o canhão antiaéreo com a carreta não foi lançado por conta de o próprio laboratório da Estrela vetar, pois a mola do sistema de disparo, hoje, é considerada perigosa e passível de não aprovação. Então nem arriscaram com o Inmetro. 

O formato dos modern, melhorado com o tempo (e muito, pois algumas figuras do aniversário de 25 anos tem articulações sofriveis) e conquistou fãs que não o trocam por nenhum clássico vintage,

Mas para as crianças dos anos 80, é o modelo que marcou. 

Mas se não eram mais seguros, não tem um modelo de fabricação moderno e produtivo, tinham moldes espalhados pelo mundo pelos licenciamentos, alguns deles, perdidos,  porque trazer o o-ring de volta agora?

Provavelmente é o que podemos chamar de efeito MOTU. 

Com a volta do da linha He-Man and The Master Of The Universe em seu formato original  remasterizado, com vendas astronômicas, filas de espera para comprar as figuras e um hype com tanta mídia gratuita por parte dos fãs é quase uma certeza que a Hasbro pensou "o que eu tenho que posso usar e ter um efeito semelhante no meu público? GI Joe, é claro!". Afinal Transformers já é a propriedade da Hasbro que mais vende, com uma franquia bem marcada no cinema, animações e tudo mais em torno. Star Wars e Marvel não contam, pois são licenciamentos. My Little Pony nunca sai de moda, sempre tem uma animação nova. 

Mas GI Joe... como revitalizar o interesse? Os filmes foram medianos, o reboot com a origem do Snake Eyes, um fracasso... as animações... bom... vem ai duas temporadas pelo que sabemos e uma série na Paramont-Amazon da Lady J. Mas mesmo assim o brinquedo soldado tem estado em declínio nos últimos anos ao redor do mundo e a imagem da guerra ao terror é delicada, levando a várias decisões de marketing, como não ter mais um Comandante Cobra com capuz para não associa-lo com terroristas do ISIS que usam capuz. 

Então, como vender GI Joe? Para as novas gerações, eu digo, para nós, idosos, é fácil. 

Quem sabe uma animação em partes para GI Joe como foi feito para Transformers no Netflix. Mas até lá, até o efeito de mídia existir, como? Trabalhando memória afetiva. E o sistema Hasbro Pulse de venda direta é perfeito para isso pois vai direto o público colecionador. Sem lojas intermediando, sem prateleiras.Também burla um pouco a questão de segurança pois não estando em prateleira de loja de brinquedo o tipo de fiscalização é um pouco diferente pois se trataria de um colecionável. 

Também é claro que a Hasbro deve ter olhado para o mercado que ela não atendia mais e é suprido por bootlegs como os do Black Major  e do Red Laser Army. Ela até tentou barrar o Black Major, mas não conseguiu apoio legal para isso. Embora a produção Black Major seja de algumas centenas por wave deve ter chamado atenção suficiente da Hasbro para perceber que ainda há público para os ganchinhos. Tanto que o Haslab tem, no meu ponto de vista, até mesmo metas modestas de 10 mil patrocinadores e depois 13 mil, 16 mil e 18 mil para o set do Skystricker quando se pensa no que deveria ser a comunidade de GI Joe em EUA e Reino Unido.

Agora, o o-ring voltou para ficar? É possível que as vendas sejam significativas e garantam vários itens no decorrer dos próximos anos, tanto em boxes colecionáveis como esse quanto pelo Haslab como no caso do Skystriker. Tudo depende de volume de vendas. Vendendo bem, vem mais.  Vamos aguardar as metas do Haslab e as vendas do pack. Então, saberemos.



3 comentários:

  1. Parabéns pela matéria Laerte.
    Vamos torcer agora para que tenhamos mais "bonequinhos retrô" de verdade. E quem sabe, acessíveis para nós brazucas!.

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  2. Se depender de mim a Hasbro não vê um centavo de nada saído do HasLab ou de figuras o-ring.

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  3. Seria fantástico se relançassem os "primeiros treze". Muitos colecionadores não tem o bazuqueiro com polegares,heheh...e relançá-lo seria uma redenção.

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